
Dra. Laís Bertoche
médica psiquiatra e homeopata
terapia familiar - constelação transgeracional
Integração entre autoconhecimento e espiritualidade

TERAPIA DO ABRAÇO:
AMOR QUE CURA
A força poderosa de um gesto.
Ah! A família... A família nasce espontaneamente para que o ser humano, frágil e dependente, possa aninhar-se e ser nutrido, confiar e dar seus primeiros passos, aprender as primeiras palavras e viver seus primeiros amores.
Um pouco de história
A família é o mais antigo agrupamento humano. A princípio, o termo abrangia todos os indivíduos que pertenciam ao grupo doméstico e incluía, além dos parentes descendentes de um ancestral comum, os servos da casa.
Em tempos remotos, essas pessoas unidas por consanguinidade formaram poderosos clãs, que estendiam seus domínios por vastas regiões.
A família natural
À medida em que as sociedades se tornavam mais complexas e numerosas, os laços sanguíneos foram se dissolvendo até que no antigo império romano cunhou-se a expressão “família natural”, indicando aquela formada por um casal e seus filhos, estabelecida juridicamente pelos cônjuges no dia de seu matrimônio.
A ideia da família natural romana foi modificada pela Igreja Católica, que transformou o casamento em uma instituição sagrada e indissolúvel, sendo validado pelo relacionamento sexual entre os nubentes, cuja finalidade era gerar filhos.
Movimentos sociais, culturais, econômicos e outros como o de gênero, levaram as pessoas a reverem suas ideias de casamento, buscando relacionamentos que pudessem responder às novas exigências de uma sociedade sempre em mutação. Masindependente do modo como se dê a fecundação, crianças continuam precisando do amparo e cuidado dos adultos para continuarem sua existência.
Aprendendo a sobreviver
Ao mergulhar num ventre, o pequeno bebê traz em si a vida que deseja continuar existindo com plenitude e seus instintos de sobrevivência são despertados e se desenvolvem desde o início. Por isso chora, buscando a presença e os cuidados de quem o alimenta, cuida e protege, a fim de sentir-se pleno, saciado e confortável.
O forte instinto de sobrevivência faz a criança imaginar que o mundo gira em torno desuas necessidades, e utilize seus recursos ainda precários – como o choro, gritos e a birra – para expressar sua raiva, sua tristeza e até a angustia, quando suas carências e desejos não são prontamente atendidos.
Nesse ponto, os pais ou substitutos precisam ter paciência e amorosidade para que o pequeno possa ser capaz de desenvolver o autocontrole e compreender que os outros também têm necessidades e aspirações legitimas que, como as suas, precisam ser respeitadas. Do contrário, a impaciência e a irritabilidade despertarão sua raiva e frustração, diminuindo sua autoconfiança e autoestima.
Amor e autoconfiança
Sentindo-se acolhida e protegida mesmo nos seus momentos mais difíceis, como numa crise de birra, a criança poderá desenvolver as qualidades da empatia e da consideração pelo outro e desabrochar para o amor. Mas nem sempre é fácil manter a serenidade nessas circunstâncias.
Num seminário com Bert Hellinger, aprendi a eficiente Terapia do Abraço, técnica já utilizada intuitivamente por muitos pais e educadores, que permite lidar com as emoções de raiva, frustração e tristeza.
Consiste em tomar a criança nos braços e mantê-la no abraço de forma firme, calma e, principalmente, amorosa, independente da crise que ela esteja expressando, sem deixá-la “escapar”, custe o que custar. Acompanhar o gesto com palavras tranquilizadoras, como a afirmação de que o abraço visa protegê-la para que ela não se machuque nem fira outras pessoas, vai reafirmar o amor que se sente por ela.
O abraço dará a criança a sensação de limite e proteção necessária, a partir de um adulto que ela confia. Embora no início ela possa gritar muito e tentar fugir, ao final ela relaxa e dorme, acordando calma, sentindo-se protegida e amada pelo adulto.
Embora a implantação da técnica possa ser um pouco difícil, os resultados emocionais para todos serão muito superiores a apenas deixá-la espernear no chão, fingindo ignorá-la, ou pior, dizendo coisas que afetarão ainda mais sua autoconfiança. Lembre-se de que a criança está exercendo apenas sua capacidade de autopreservação e desejo de obter felicidade.
A Terapia do Abraço funciona também com adultos que vivem momentos de raiva, tristeza, frustração ou angústia. Abraçar significa que compreendemos a dor e o sofrimento do outro e confiamos que, no devido tempo, ele será capaz de superar suasdificuldades.