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O TEMPO CURANDO FERIDAS CÁRMICAS

Como o melhor remédio pode ajudar.

JUN/2017

Gustavo estava especialmente satisfeito. Finalmente realizaria seu propósito de vida: a empresa que fundara havia crescido. O publico e os profissionais acreditavam no trabalho realizado ali. Precisava ampliar suas instalações.

Encontrara um belo espaço, que embora necessitasse de pequenos reparos, era claro, arejado, mais confortável e de excelente localização. 

Mas havia um problema: sua vizinha. Desde logo um incomodo, uma implicância se revela, materializada na figura do administrador: suas aparições eram repentinas, tensas e inamistosas, refletindo a ansiedade da dona do negócio, que imaginava que a presença do rapaz perturbaria seu empreendimento – embora fossem complementares e se destinassem a públicos distintos – já que havia uma semelhança entre eles. 

Bem, essa era a razão consciente para não querer a presença do novo morador. E baseado nesses argumentos mentais criou vários estratagemas com o objetivo de impedi-lo de instalar-se ali. 

Gustavo, confiante, superava cada obstáculo.  Mas tantas dificuldades começaram a chamar sua atenção. Resolveu então marcar uma sessão de Terapia Transgeracional a fim de entender o que estava acontecendo e, se fosse o caso, liberar carmas passados.  

 

Optei pela realização de uma Constelação Transgeracional, abordagem terapêutica que pode ser realizada tanto em grupo como individualmente. De imediato observamos a presença de energias intrusas (obsessores) que tentavam impedir a realização do projeto. Agiam de modo a insuflar confusão e criar conflito entre os profissionais. De modo firme e acolhedor, auxiliamos os personagens intrusos que haviam se envolvido naquele enredo a se desligarem da história – que não lhes pertencia – e seguirem livres para o mundo espiritual. 

Observamos ainda a presença de entidades do astral inferior em cada uma das portas de entrada, dificultando o acesso do publico. Ambas foram amorosamente liberadas e encaminhadas para o mundo espiritual. 

Agora precisávamos liberar os fragmentos de memória presentes nos personagens principais – pois essa é maior causa dos grandes desentendimentos e sofrimentos que vivemos nesta vida. Os personagens de vida passada permanecem amarrados às historias inacabadas e projetam esses fragmentos de pensamento no personagem atual, que passa a agir no presente – sem identificar o motivo – como faria o personagem do passado.   

Peço a um dos presentes que represente a vizinha e tomo outra representante para Gustavo. Assim que a representante da mulher é colocada no campo terapêutico, se identifica como um homem e cai num choro convulsivo: “Fugi dela há tanto tempo e, tanto lugar no mundo, vem trabalhar exatamente aqui! Não quero vê-la!!!”

O representante de meu cliente, agora vivendo um personagem feminino, olha para ele, recordando que num passado muito distante, ele havia sido seu dono: “Eu não podia ficar. Sou livre!” “Não tinha outra saída senão abandoná-lo”. É revelado que ele aamava muito e por isso a comprara de seus pais – costume da época – que eram muito pobres. Mas, para ela, essa transação financeira significava obediência, ser propriedade e prisioneira dele: não podia aceitar isso. Um dia, preparou a comida, pôs a mesa e fugiu com os filhos para uma terra distante. Ele nunca mais os viu e acabou morrendo de tristeza e solidão. 

Somente quando revê toda a história, a moça pode perceber o amor que ele nutria por ela – e lhe pede perdão pelo sofrimento que causou. E só então o homem entende que a moça se sentia prisioneira e que essa ilusão a impediu de retribuir seu amor a ele – um homem bom e pai amoroso.

O genitor deseja encontrar seus filhos, e depois de abraçá-los ternamente, pode olhar para a esposa. Livres da dor mantida pelos fragmentos de memória, em harmonia, seguem juntos para o mundo espiritual.

Como vimos, fragmentos de memória nos paralisam no passado, impelindo-nos a sentir e agir de acordo com as decisões, os medos e a culpa dos personagens passados: tornamo-nos prisioneiros do carma. Liberando essas memórias, nos tornamos livres para viver nossa própria vida.  

- Recoloco os personagens atuais no setting terapêutico. Olham-se com respeito e cordialidade. A identificação com o passado havia se dissolvido. O que passou, passou. 

Horas depois, recebo um telefonema de Gustavo. Sereno, fala da oportunidade para um bom entendimento com a vizinha, sobre a decoração da área comum.

– Quando a ordem é restabelecida, a paz e a harmonia se expressam de modo espontâneo e imediato. 

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