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VIDAS PASSADAS:

MEMÓRIA OU IMAGINAÇÃO

As dúvidas em relação à existência da alma e o ceticismo.

JAN/2019

Apesar do avanço das pesquisas quanto a origem e evolução do ser humano, ainda há muita dúvida e ceticismo em relação à pluralidade da existência da Alma e resistência às terapias que propõe a cura dos bloqueios energéticos produzidos por memórias limitadoras. Dentre essas abordagens, cito a Terapia Transgeracional, que visa a identificação, ressignificação e dissolução de engramas arquivados na memória coletiva ou individual, para que a pessoa recupere sua conexão com a alma imortal. 

 

O que é engrama?

Engrama é uma marca ou gravação no campo da memória, produzida por acontecimentos vivenciados pelo indivíduo, tanto de modo passivo como ativo, originário de hábitos, convicções, condicionamentos, heranças familiares, traumas, cenas assistidas e até de conhecimentos adquiridos, mais comuns quando a atenção não está muito presente, perturbando a percepção clara e objetiva dos fatos. 

 

Os engramas se revelam como recordações aparentemente espontâneas, tanto no sono quanto na vigília. É comum a identificação de um fator desencadeante semelhante ao evento primário que induz o sujeito a um comportamento automático, reflexo ou involuntário, semelhante ao observado na cena original.

 

Na minha experiência, pessoas que viveram situações potencialmente traumáticas nesta vida, somente sofrerão de estresse pós-traumático se o evento for uma reedição de algum engrama de vida passada ou herança da família de origem. Do contrário, o mais comum é a superação e o aumento da resiliência e da coragem. 

 

Processo terapêutico

Embora para a maioria a vida não seja muito fácil, viver bem deveria ser natural, assim como ter saúde, abundância e prosperidade. Mas os padrões negativos de sobrevivência arquivados em nossa memória – os engramas – criam pensamentos, palavras e ações limitantes, causadoras de doença, solidão, pobreza, infelicidade e desespero.  

 

Por isso é necessário acessar e identificar a origem dos eventos traumáticos arquivados na memória. Mas, perguntam, como sei se essas memórias são reais ou frutos da imaginação? 

 

O neurologista Oliver Sacks (1933-2015), escreve que não há como distinguir as memórias verdadeiras das falsas – e eu concordo com ele. Ele argumenta que “não existe mecanismo na mente nem no cérebro que assegure a verdade, ou ao menos, o caráter verídico das lembranças”. Isso porque enquanto vivemos uma situação traumática – um acidente por exemplo – a percepção dos órgãos dos sentidos se restringe, distorcendo a capacidade de atenção e, portanto, a percepção dos fatos fica prejudicada. 

Independente da realidade objetiva, os registros do acidente serão arquivados de modo subjetivo – a verdade subjetiva – produzindo engramas, pensamentos, emoções e reações. Independente dos fatos reais, o terapeuta Transgeracional está interessado nas memórias traumáticas limitantes, sejam elas “verdades históricas” ou “verdades narrativas”, como chama Donald Spense. 

Quero lembrar ainda que a Terapia Transgeracional trata todas as histórias como verdades, revisitando o evento traumático inclusive para identificar a responsabilidade do cliente com o acontecido. Depois, é necessário conduzir os personagens para o momento da morte – afinal aquele evento já aconteceu há muito tempo – e encaminhá-los a outro nível de consciência, além do físico. 

Personalidades múltiplas

Não considero pertinente a teoria de que possuímos várias identidades. Cada personagem é único, com suas virtudes e limitações. Desenvolvemos qualidades durante nossa estadia na Terra, mas contamos uma única história por vez. A Terapia Transgeracional considera que as chamadas síndromes de identidade encontradas nos transtornos dissociativos de identidade, como no caso das múltiplas personalidades, se justificam com a identificação por parte do cliente, com personagens de vidas passadas ou pela presença de processo obsessivo (personagem intrusa). 

Lembro ainda que, ao recordar um fato, é muito comum preencher as lacunas da memória (lembra que falei do estreitamento da percepção?) com cenários e até identificação com pessoas atuais. Devemos nos precaver diante desses relatos, pois com muita frequência são falsos. Por isso, os terapeutas devem evitar a identificação de familiares do passado no presente, sob pena de arruinar vidas e famílias com acusações.    

Juntos construímos o mundo

 

Sendo ou não uma falsa memória, o registro de uma sensação experimentada por uma experiencia vivida ou apenas imaginada é o mesmo. Isso pode ser parcialmente explicado pelo fato de que ambas as memórias usam as mesmas vias sensoriais e são arquivadas na mesma região: o campo de memória coletivo. 

Dr. Sacks reafirma que apesar de não termos acesso direto à verdade histórica, o que sentimos ou afirmamos ser verdade depende tanto da nossa imaginação como dos nossos sentidos. Além disso, os acontecimentos do mundo são percebidos, experimentados e pensados de um modo subjetivo por cada pessoa, e embora de modo diferente, contribuímos e construímos juntos a verdade do mundo em que vivemos, independente de termos apenas uma ou várias vidas.

Por isso, quando alguém identifica e libera memórias limitantes, independentemente de serem verdades históricas ou verdades narrativas, todos nós, que partilhamos do mesmo campo de memória coletiva, somos beneficiados com maior consciência, discernimento, confiança e felicidade.

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